Dificuldades de visão: desde a Babilônia aos dias atuais

Autor: Hugo Henrique Amorim Batista*

“É necessário ampliar as campanhas de esclarecimentos à população

sobre os problemas de visão de forma a permitir o diagnóstico precoce

e informar sobre os tratamentos para evitar a cegueira”

Em tempos modernos, diversas pessoas, residentes dentro e fora do nosso círculo, convivem com algum tipo de problemas ocular. Dificuldades de enxergar acompanham a humanidade desde longa data, porém, com o avanço da ciência e da tecnologia, dispositivos ópticos foram utilizados para melhorar a qualidade de visualização da população, trazendo benefícios e aperfeiçoando o processo. Mas esse problema persiste e ainda é atual.

Segundo dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 528.624 pessoas são incapazes de enxergar (cegos) e 6 milhões de pessoas possuem baixa visão ou visão subnormal (grande e permanente dificuldade de enxergar). Outras 29 milhões de pessoas declararam possuir alguma dificuldade permanente de enxergar, ainda que usando óculos ou lentes. Tudo indica que esse número pode ser maior.

A maioria dos problemas visuais dos brasileiros são: catarata, glaucoma, retinopatia diabética, cegueira infantil e degeneração macular. A catarata, uma doença caracterizada pela perda de transparência do cristalino, lente natural cuja função é propiciar o foco da visão em diferentes distâncias, é considerada a principal causa da perda total da visão.

Dados do Vision 2020, relatório da Agência Internacional de Prevenção contra a Cegueira, a cada cinco segundos, uma pessoa se torna cega no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que, se houvesse um número maior de ações efetivas e campanhas de prevenção e/ou tratamento, 80% dos casos de cegueira poderiam ser evitados.

Atualmente, temos procedimentos cirúrgicos que favorecem a melhoria na qualidade visual e, com o avanço da tecnologia, eles estão ficando cada vez mais eficientes, em especial no tratamento da catarata. Tais procedimentos, no entanto, são mais antigos do que se imagina. Registros históricos trazem referência às cirurgias de cataratas desde a Babilônia (1730-1685 a.C.), conforme relatos presentes no Código de Hamurabi. O mais antigo para remoção de catarata é de 600 a.C.

Outros registros arqueológicos apontam para a descoberta de um conjunto de agulhas no sul da França, usadas para aspiração de cataratas, técnica descrita por Abull Qasim Amar em 1000 d. C. Procedimentos que foram evoluindo até chegar na década de 40, do século passado, quando os oftalmologistas espanhóis Hermenegildo Arruga e Ignácio Barraquer passaram a utilizar a sucção capsular em seus procedimentos.

Apesar dos avanços e melhorias, é necessário ampliar as campanhas de esclarecimentos à população sobre os problemas de visão de forma a permitir o diagnóstico precoce e informar sobre os tratamentos para evitar a cegueira. É uma questão de saúde pública. Todo esforço entre instituições nacionais e internacionais na busca por pesquisas e novas tecnologias para melhorar a qualidade de visão da população é bem-vindo. O propósito de todos deve ser um só: uma população mais consciente e menos doente.

* Hugo Henrique Amorim Batista, especialista em Educação e professor da área de Exatas da Uninter.

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Autor: Hugo Henrique Amorim Batista*
Créditos do Fotógrafo: Marcelo Camargo/Agência Brasil


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