Dia Mundial da Água: momento de pensar na urgência de colaborar

Autor: Augusto Lima da Silveira

O nosso cotidiano está repleto de simplicidade e isso se aplica a praticamente todos os aspectos da nossa vida. Entretanto, nossos sentidos estão tão acostumados a vivenciar o simples que, na nossa busca diária pelo extraordinário, não enxergamos mais o universo contido no que está a nossa volta. Falar sobre a água vai bem ao encontro dessa reflexão. 

Ao acionarmos a torneira, a água disponível, imediatamente, começa a cair e podemos utilizá-la para nossas necessidades. Essa ação é tão corriqueira que não estamos acostumados a pensar sobre ela, simplesmente a fazemos no modo automático. Ao deixarmos de executar essa ação de forma consciente, ignoramos todo o processo envolvido para que a água saia da fonte e chegue até as nossas casas. Infelizmente, costumamos refletir sobre isso somente quando vivenciamos situações de escassez. 

Como já dizia Guimarães Rosa, “A água de boa qualidade é como a saúde ou a liberdade: só tem valor quando acaba”. Neste Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, precisamos falar mais sobre o que estamos fazendo com os nossos recursos hídricos, pensar sobre a importância e o papel de cada um na sua conservação. O primeiro passo está na informação e nas práticas diárias em favor do uso racional e consciente. 

Do ponto de vista da representação, a água está associada a aspectos culturais e religiosos, sendo utilizada em rituais que envolvem equilíbrio, cura, purificação ao longo da história das civilizações. Quimicamente falando, é uma molécula estruturalmente simples composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio (H2O) que permite a existência da vida no planeta. Inclusive, não há registros, até o momento, de seres vivos que não dependam da água em pelo menos uma fase do ciclo de vida. Além da espécie humana, todas as outras estão diretamente ligadas à disponibilidade e qualidade desse recurso.  

Mesmo com a simplicidade estrutural, a água desempenha funções importantes e bem complexas, em razão de suas propriedades físico-químicas que lhes são características. Essa substância participa desde as reações em nosso metabolismo até a regulação climática do Planeta. Nesse contexto, fazer o uso consciente da água seria a alternativa mais lógica para garantir a nossa sobrevivência.  

No entanto, a realidade demonstra o aumento da contaminação e do desperdício desse recurso, com o agravante da distribuição desigual. Os dados do Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento (SNIS) do ano de 2021 indicam que aproximadamente 35 milhões de pessoas sofrem com a falta de acesso à água no Brasil. Por outro lado, 40,3% de toda a água tratada no país é desperdiçada em razão das perdas que envolvem não só a ineficiência dos sistemas de saneamento, mas também o uso inadequado. Esse quantitativo significa que, diariamente, perdemos o equivalente a 7.500 piscinas olímpicas de água potável, enquanto uma parcela da população sofre com a falta desse recurso. 

A nossa relação com a água ainda é contraditória, pois apesar de reconhecermos que ela é indispensável à nossa existência, continuamos a contaminar e desperdiçar diariamente. Por isso, este texto é um convite para que coletivamente possamos pensar nessas ações simples do nosso dia e como podemos nos comprometer para que nossos filhos e netos não sofram com a escassez de água.  

O que você poderia fazer para diminuir seu consumo de água: diminuir o tempo no banho? Usar a água da lavagem das roupas para lavar a calçada? Diminuir o número de descargas? Evitar o desperdício de alimentos? Cobrar por políticas públicas mais efetivas? As possibilidades são inúmeras. É importante dar os primeiros passos que envolvem conhecer o contexto e as alternativas, mas precisamos também, urgentemente, nos comprometer e agir.

A gestão da água, considerando os múltiplos usos que fazemos dela, é um desafio que envolve toda a sociedade, tanto no aspecto individual, como no coletivo. Desta forma, as ações em favor da conservação devem ser construídas, coletivamente para maior efetividade. Assim, é importante destacar que mesmo as atividades industriais causando as maiores contaminações e o maior consumo, não devemos nos isentar do nosso papel individual para garantir a disponibilidade no futuro.  

 *Augusto Lima da Silveira é coordenador dos cursos Gestão Ambiental; Gestão em Vigilância em Saúde; Saneamento Ambiental na modalidade a distância do Centro Universitário Internacional (UNINTER). É idealizador do projeto @verboambiental no Instagram e atualmente é doutorando em Ecologia e Conservação (UFPR). 

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Autor: Augusto Lima da Silveira


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