Agricultura celular é alternativa promissora na produção de carne

Autor: Rafael Lemos - Assistente de Comunicação Acadêmica

O Brasil é o segundo maior produtor de carne do mundo e é também o principal exportador de carne bovina, com uma fatia de 25% do mercado. No entanto, algumas alternativas têm sido pesquisadas para produção de carne sem a necessidade de criação e de abate de animais, buscando evitar os impactos ambientais e sofrimento animal, a chamada agricultura ou zootecnia celular.

As alternativas para produção de carne são tema de debate pela professora Jennifer Bellio, doutora em Ciências Veterinárias, mestre em Ciência Animal e especialista em Clínica e Cirurgia de pequenos animais, que foi uma das palestrantes convidadas da V Maratona da Pós-Graduação Uninter.

Na linha de proteínas alternativas, Bellio destaca as do tipo plant based ou vegetais, que já estão disponíveis para o mercado consumidor, e as produzidas por fermentação de precisão, a técnica usada na produção de albumina, caseína e insulina, por exemplo.

Há ainda a produção em biorreatora que, embora mais recente, já possui legislação específica que permite a produção e venda de carne nos Estados Unidos. Nesta tecnologia, a carne cultivada é produzida a partir de uma amostra que é removida de um animal de origem e é alocada em biorreatores, onde as células se multiplicam em formatos pré-determinados ou mesmo em uma base para ser usada em impressão em 3D. De acordo com a professora, pesquisas nessa área são importantes devido ao crescimento populacional que demanda cada vez mais a produção de alimentos, bem como o próprio bem-estar animal.

Questionada sobre a aceitação das pessoas no consumo de carne produzida em laboratório, Bellio acredita que se trata de um processo natural e que a tendência, como toda novidade, é que esse produto seja naturalizado com o tempo. “Existe um comportamento humano muito estudado na psicologia chamado neofobia, que é o medo do novo, o medo do que nos é estranho. É um instinto de proteção. […] Existem muitas pesquisas para tentar fazer com que esses produtos sejam mais palatáveis, que a aparência seja mais semelhante às convencionais”, destaca.

Já sobre os efeitos do consumo deste tipo de proteína na saúde humana, a palestrante faz um comparativo com a produção de carne convencional. Ela alega os riscos do aparecimento de patógenos no modelo atual como foi o caso do coronavírus. Outro ponto positivo da agricultura celular é a qualidade da carne cultivada que pode ser constituída de gorduras e parâmetros mais saudáveis. Porém ela faz ressalva de que há a necessidade de mais estudos para entender os efeitos a longo prazo.

Bellio destaca também outras vantagens da agricultura celular, com base nos estudos de Tuomisto (2018), que é a emissão de menos gás de efeito estufa e a exigência de menos uso de água e extensão de terra no processo. O maior desafio, na visão da professora, ainda é a conscientização desses impactos por parte do mercado consumidor.

A palestra “Saúde Única e o Agronegócio: Novas tecnologias para o consumo de carne” faz parte da V Maratona da Pós-Graduação Uninter, tema Conexões Interdisciplinares, no dia 06 de abril de 2024, das 9h às 20h30 com transmissão ao vivo pelo Youtube.

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Autor: Rafael Lemos - Assistente de Comunicação Acadêmica
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Pexels


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