A busca por alternativas logísticas à hegemonia do transporte rodoviário

Autor: Alessandra de Paula*

A ameaça de paralisação por parte dos caminhoneiros ainda assombra o mercado. Não é por menos, inflação em disparada, aumento dos preços dos combustíveis, estradas em más condições e outras reivindicações da categoria, são alguns dos possíveis motivos de parada.

As consequências desse ato, traria em sua esteira, (mais) elevação nos valores dos produtos e bens de consumo, devido ao desabastecimento ou, pior, pela compensação de perdas de produtos perecíveis em trânsito.

Isso tudo acontecendo, como se os dias de frio intenso do mês de julho já não houvessem trazido problemas à produção e abastecimento de produtos alimentícios in natura ou industrializados. Os setores de logística das empresas de alimentos fizeram malabarismos com os estoques, rotas e modais de transporte para garantir que tudo chegasse às mãos dos clientes, sem maiores problemas.

No entanto, com o desenrolar dos acontecimentos, percebeu-se que outras bandeiras estão sendo erguidas: contra o STF (Supremo Tribunal Federal), em favor do voto em cédula de papel; pelo fechamento de instituições, como a Câmara Federal e o Senado que, junto com o Executivo e o STF formam os pilares da democracia.

Fica então estabelecida a confusão, pois, quando a grande maioria da população se identifica com os argumentos da reivindicação, todos se reorganizam: empresas de armazenamento recontam os estoques, outras procuram reorganizar a frota para distribuição dos produtos e outras, ainda, se disponibilizam a realizar atendimentos por diferentes canais, para garantir que a engrenagem da economia, principalmente em relação aos gêneros de primeira necessidade, não deixe de funcionar.

Esse movimento gerou inquietações junto às empresas que, perceberam a necessidade de adotar algumas medidas para evitar o comprometimento do fluxo normal de vendas no futuro. Entre as medidas adotadas, estão o aumento da frota própria, elaboração de planos de contingência e flexibilização do frete.

Uma avaliação dos próprios empresários do setor aponta que essas medidas, embora, sirvam para corrigir as falhas no transporte, acarretam aumento de custos para as empresas. Especialistas do Ibmec-SP, avaliam que ficou aparente a contradição entre as demandas da categoria, que se mostrou bastante dividida e com poucas adesões em relação a movimentos anteriores.

Se a elevação dos preços dos combustíveis continuar crescendo, talvez o incentivo para a utilização de outros modais de transporte, como o ferroviário, ou mesmo a navegação de cabotagem – esta, uma alternativa bastante econômica, poderia trazer uma grande contribuição para as questões logísticas do Brasil.

* Alessandra de Paula é professora e coordenadora dos cursos de Logística e Gestão do E-Commerce e Sistemas Logísticos da Uninter.

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Autor: Alessandra de Paula*
Créditos do Fotógrafo: CETSESP


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