Professora do mestrado em Direito da Uninter está entre nomes mais citados na academia

Autor: Arthur Salles - Estagiário de Jornalismo

Na academia, não basta publicar, é preciso ser citado. É possível mensurar a importância e o impacto de um trabalho acadêmico pelo número de vezes em que ele é citado.

Naturalmente, são poucos os pesquisadores que conseguem produzir estudos de alta relevância para suas respectivas áreas. Estefânia Barboza, professora do mestrado em Direito da Uninter, faz parte deste grupo seleto. A jurista ocupa posição de destaque quando o assunto é número de referências feitas a trabalhos publicados.

O Google Acadêmico é o maior mecanismo de busca do mundo de materiais como teses, dissertações e artigos científicos. A plataforma classifica Estefânia como a pesquisadora mais citada, independente de gênero, no tema Jurisdição Constitucional.

Em Teoria do Estado, a professora ocupa o primeiro lugar entre as mulheres e o sexto no geral. O destaque também é observado em Direito Constitucional, tema no qual ela é a quinta mulher mais referenciada e a 33ª na classificação geral.

“O resultado faz a gente acreditar nas teses, no que a gente está pesquisando. Vale a pena escrever, pesquisar. Valem a pena os sacrifícios pessoais nos temas em que a gente acredita”, comenta Estefânia.

A professora indica que os objetos pesquisados devem estar alinhados às convicções do pesquisador. “A gente tem que pesquisar apaixonado pelo tema. Isso traz resultados positivos. […] A gente vai passar finais de semana ou longos períodos em que temos que deixar a família e os amigos. Tem que ser um prazer também. A pesquisa não pode ser um fardo, ela tem que trazer prazer.”

Ainda assim, a docente enxerga problemas na área. As mulheres representam a maioria da população brasileira e metade das inscrições na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), mas ainda há menos juízas (38,8%) e sócias em escritórios de advocacia (34,9%) quando comparadas aos homens. A ampliação do espaço feminino vem sendo notada nos últimos anos, uma vez que 62,7% dos profissionais de Direito com até 25 anos de idade são mulheres. Na magistratura, a participação feminina aumentou 60% entre 1988 e 2018.

“O Direito é ainda muito aberto aos homens. Tem eventos em que participam apenas homens, tem muitos livros para os quais são convidados apenas homens. A gente [mulheres da área] tem visibilizado essa discriminação, o que tem ampliado o convite às professoras mulheres”, diz.

Durante a pandemia, a produtividade acadêmica foi menor entre as mulheres do que entre os homens. Em levantamento produzido pelo Maternidade e Ciência entre abril e maio deste ano, com participação de 15 mil cientistas brasileiros, o sexo masculino submeteu mais publicações científicas que o feminino em todas as comparações.

“A academia ainda é um espaço masculino, além de que o trabalho acadêmico é feito fora de hora, não é que a gente escreve um artigo das oito às seis da tarde. É muitas vezes no final de semana, à noite. Então, para as mulheres mães, é um ônus ainda maior porque elas têm as atividades domésticas no horário que seria para a produção científica”, relata Estefânia, mãe de duas meninas.

Enquanto referência acadêmica no Brasil, a pesquisadora vai além de publicações jurídicas. Sua atuação pode ser vista até mesmo na organização legislativa e democrática do país. Neste ano, a jurista foi convidada pelo ministro do STF (Superior Tribunal Federal) Edson Fachin para participar da segunda fase do Grupo de Trabalho para Sistematização das Normas Eleitorais do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O grupo é formado por nomes de diferentes campos profissionais de todo o país.

A pesquisadora fez parte do estudo sobre Direitos Políticos. O objetivo é a verificação de normas eleitorais que contrariam aspectos da Constituição Federal de 1988. O Código Eleitoral brasileiro data de 1965, durante a ditadura militar, assinado pelo ex-presidente e marechal Humberto Castello Branco.

O trabalho tem conclusão prevista para a metade do ano que vem. Após a conclusão, a proposta de revisão é enviada ao Congresso Nacional para que as leis eleitorais conflitantes sejam alteradas até o pleito de 2022.

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Autor: Arthur Salles - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Arquivo pessoal


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