Biodigestor controlado por inteligência artificial apresenta resultados em obra de geociências

Autor: Nayara Rosolen - Jornalista

DO MICRO AO MACRO: Ecologia e Complexidade. Esse é o título da obra organizada pelas professoras Thaisa Nadal, Renata Garbossa e Dinamara Machado e que carrega resultados relacionados ao projeto Estabilização de matéria orgânica e biodigestão controlada por inteligência artificial para produção de fertilizante, de energia e recuperação ambiental, mantido pela Fundação Wilson Picler.

A pesquisa acontece por meio de uma parceria da Rede Cooperativa de Pesquisa (RECOPE) entre laboratórios da Universidade Federal do Paraná (UFPR), coordenado pelo professor doutor Edmilson Cezar Paglia, e o Grupo de Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade (GITS) da Uninter, coordenado pelo professor doutor Marcos Proença e a professora mestre Thaisa Nadal.

Os resultados adquiridos por meio da pesquisa são contemplados no capítulo dois, sobre Estabilização de resíduos orgânicos domésticos via fermentação anaeróbica lática, escrito por Edmilson, Thaisa, Regina Weinschutz, Victor Brisk e Alexandre Claus.

O artigo faz parte do processo inicial do projeto, que envolve primeiro uma estabilização de matéria orgânica para daí fazer a biodigestão e transformar o biogás em energia.

“Essa parte é muito importante de desenvolvimento, eles conseguiram resultados expressivos. Uma inovação no processo que faz com que você não se preocupe tanto com a matéria orgânica que vai. Pode colocar carne, legume, hortaliças, verduras… E dá esse efeito para a matéria prima. Isso era um problema, então eles trabalharam muito bem e acho que vai ser útil para muita gente que trabalha na área”, afirma Proença.

Também aparece no capítulo sete, intitulado Fermentação ácido lática: Análise do potencial heterolático na estabilização de resíduos de matéria orgânica, de autoria de Karin Amaral Silveira, Thaisa, Marcos, Alexandre e Simone Ribeiro Morrone.

“Tem a ver com a continuidade desse processo. Enquanto o grupo da UFPR trabalhava em um processo, a gente trabalhava no monitoramento. Esse trabalho envolve todo o desenvolvimento de um sistema de monitoramento com sensores de emissão de gases, PH, temperatura… Muito importante para controlar variáveis, porque se pretende que o processo atinja, e pode atingir, desde uma residência até uma prefeitura”, explica Proença.

Para o pesquisador, o diferencial da equipe para os excelentes resultados é “uma sintonia extremamente grande, não só o conhecimento, mas a energia do grupo”.

Do micro ao macro

O livro é uma iniciativa da Escola Superior de Educação (ESE) da Uninter, sob direção de Dinamara, com temas específicos da área de Geociências, coordenada por Renata. Mas também apresenta trabalhos de profissionais de outros setores e instituições.

O capítulo um, Por uma biologia em um viés da complexidade: Retomando as ideias dos “naturalista”, é da professora doutora Elaine Ferreira Machado, doutora em Ensino de Ciência e Tecnologia. Já o capítulo três, Experimentos práticos para a melhoria da qualidade de água, das professoras Maria Tereza Xavier e Milene Martins de Lara, que atuam na ESE.

No capítulo quatro, o professor Willian Sales, coordenador dos cursos de pós-graduação na área de Saúde da Uninter, aborda a Saúde única e sua relação com a ecologia e complexidade das zoonoses: Uma revisão integrativa.

Seguindo no capítulo cinco, o tema Desafios para a conservação da marinha foi abordado pela doutora Fernanda Löffler Niemeyer Attademo, médica veterinária que atua no Centro Mamíferos Aquáticos/Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (CMA/ICMBIO), e as professoras da área de Geociências, Nicole Witt e Júlia Bertoti.

As bactérias e sua importância para o ecossistema, foi assunto abordado no capítulo seis pelo engenheiro de bioprocessos e biotecnologia Leonardo Wedderhoff Herrmann, doutorando na mesma área de formação pela UFPR.

Para finalizar, o capítulo oito da obra traz o tema Avaliação do gerenciamento dos resíduos sólidos na Ilha do Mel-PR dentro do contexto das ilhas inteligentes. O trabalho é de autoria do mestre em Meio Ambiente Urbano e Industrial Victor Brisk, os professores doutores da UFPR Roberto Gregorio da Silva Junior e Carlos Alberto Ubirajara Gontarski, e a professora Thaisa.

Os pesquisadores afirmam que o livro já possui o International Standard Book Number (ISBN), registro importante de identificação, e o Digital Object Identifier (DOI), que registra cada um dos artigos. Ambos “contam muito para o ranking de publicações” e para o currículo dos profissionais.

Você pode adquirir o livro de forma gratuita, por meio deste link.

Para além da obra

Com a proposta do livro voltada para a área de ciências biológicas, Thaisa ressalta que a publicação apresenta muito pouco de todo o projeto do biodigestor, que conta com diversos outros pesquisadores e áreas de atuação, como a internet das coisas, por exemplo.

No entanto, os profissionais salientam a evolução que a pesquisa teve até o momento e a importância das publicações realizadas pelos pesquisadores. “Uma das funções da pesquisa é gerar e transmitir conhecimento”, diz Proença.

“Para todo pesquisador, um dos pilares realmente são as publicações. Não adianta fazermos uma coisa fantástica e não termos essa divulgação do trabalho para que outros pesquisadores que também estejam trabalhando na área tenham um conhecimento do que estamos fazendo”, complementa Thaisa.

A pesquisadora salienta a qualidade de toda a equipe, que conta com grandes profissionais e, juntos, conseguem grandes avanços. Nem mesmo a pandemia foi capaz de paralisar os estudos e experimentos.

“Com relação a resultados, estamos muito satisfeitos. O processo andou muito bem também durante a pandemia, porque a gente conseguiu descentralizar. Embora a gente tenha equipamentos em laboratório, conseguimos orientar alunos para que montassem protótipos nas casas deles e dessem continuidade à pesquisa. E gerou frutos muito interessantes, tanto que o nosso projeto é controlar o processo pela nuvem e não localmente”, conclui Proença.

O professor salienta também a função social do projeto. Atualmente, mais de 400 famílias da Associação Paranaense de Agroecologia (AOPA) e 100 famílias do município de Tijucas do Sul (PR) já têm a intenção de colocar o projeto em prática. Saiba mais sobre a pesquisa, clicando aqui.

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Autor: Nayara Rosolen - Jornalista
Edição: Larissa Drabeski


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